O poeta que há em Ariano Suassuna
Ariano Suassuna. Foto de Assis Hoffmann Para muitos, isso deve ser uma novidade. Conhecido mais pelo seu trabalho como dramaturgo pelo já consagrado sucesso O auto da compadecida e por sua produção romanesca com títulos como A pedra do reino , é necessário dizer que Ariano Suassuna é também poeta. Ainda anônimo, como reconhece o escritor num texto de 2000 para o jornal Folha de São Paulo ; ao comentar acerca do diálogo entre ele e uma leitora, em que ela se apresenta como poeta anônima, Ariano desabafa: “Sou relativamente conhecido como romancista e mais como dramaturgo; como poeta sou ‘anônimo, casual, trágico, inconsequente’ e também ‘fruto e produto do casamento entre a urbanidade e a melancolia de pastos antigos’; pastos esses que, no meu caso, eram povoados de belas cabras agrestes, esquivas, quase selvagens e que pareciam pequenos antílopes, extraviados das savanas da África, das serras do Líbano ou das mesetas da Península Ibérica nos tabuleiros e carrascais dos sertão