O grito de Caim por José Saramago
Por Pedro Fernandes É preciso ser-se Deus para gostar tanto de sangue José Saramago, em "O Evangelho segundo Jesus Cristo" (OESJC), 2006, p.327. Já era de se esperar. E não há novidade alguma no fato. O novo romance de José Saramago, Caim , lançado há poucos dias, recebeu da Igreja o já esperado visto de condenação devido seu teor. Segundo o episcopado lusitano, a nova obra do escritor português não passa de uma operação publicitária e reduz o romancista à categoria de sujeito amante da descordialidade e da ofensa. Depois de insistir na concepção carnal de Jesus, "nascido como todos os filhos dos homens, sujo do mesmo sangue de sua mãe, viscoso de suas mucosidades" (OESJC, 2006, p.65), de uma Maria não virgem, do relacionamento amoroso entre Jesus e Madalena e do que possivelmente esteve envolvido no desfecho da vida de Cristo, Saramago avança sua veia crítica sobre o discurso religioso cristão quando nesse seu novo romance intima o leito