Paul Bowles
“Quase todas as noites soam os tambores. Nunca me acordam; os ouço e os incorporo ao meu sonho como as chamadas noturnas dos almuadens. Mesmo quando no sonho esteja em Nova York, o primeiro Allah akbari borra a tela de fundo para me levar ao que seja a África do Norte, e o sonho segue...”. Viajante permanente, anfitrião em Tânger de William Bourroughs e Jack Kerouac, personagem esquiva e mítica da geração beat, o escritor e compositor Paul Bowles soube encarnar como ninguém o “sonho do Tânger”. Nascido em Nova York em 1910, Bowles viajou ao Marrocos, quando tinha só 21 anos, aconselhado pela escritora estadunidense Gertrude Stein para catalogar as diferentes expressões musicais do país. Como também acontecera a Lawrence Durrell com a cidade de Alexandria, não tardou em cair cativo do obscuro magnetismo do norte da África. “Enquanto o turista geralmente volta depressa para casa ao fim de algumas semanas ou meses, o viajante, que não pertence a um lugar mais do que a outro, se