O fiasco, de Imre Kertész
Por Darío Villanueva Sem destino e Kaddish por uma criação não nascida são a primeira e a terceira partes da trilogia de Imre Kertész sobre o Holocausto. O fiasco é a segunda e a mais complexa das três; é uma obra de difícil leitura, mas imprescindível para compreender a singularidade de seu autor porque representa por si só toda uma condição contrária à rapidez do romanesco pós-moderno, tanto no que se refere à forma narrativa propriamente dita como a sustância de seu conteúdo. O fiasco é, neste sentido, não apenas o relato de um sobrevivente de Auschwitz, de Buchenwald e da ditadura kadarista – muito menos terrível esta, na consciência do autor, que o Holocausto –, mas também o romance de um romancista que a nós se apresenta, por suposto, muito mais próximo de nomes como Unamuno que de Ramón Gómez de la Serna. Em sua qualidade de elaborada metaficção, O fiasco não presta, porém a questão não se refere ao como se faz um romance mas é muito mais transcendente, por qu