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Camões, cantor de seu povo e voz de seu tempo

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Cesse tudo o que a Musa antiga canta, Que outro valor mais alto se alevanta Camões lê Os Lusíadas . António Carneiro Será difícil encontrar, em toda a história da literatura em língua portuguesa, um poeta tão magistral quanto Camões. Para que possamos conhecer melhor sua obra, preparamos esse dossiê dividido em duas partes. Veremos, em primeiro lugar, o que a crítica denomina poesia épica e, na sequência, seus poemas líricos. Camões não foi o primeiro poeta a ter a ideia de escrever um poema épico sobre a expansão portuguesa – o humanista italiano Angelo Policiano já se havia oferecido a D João II para fazê-lo –, mas foi da sua pena que nasceram os inesquecíveis versos sobre as conquistas ultramarinas de Portugal. O gênero épico, para os autores do Classicismo, traduzia-se de forma perfeita nas obras de Homero ( Ilíada e Odisseia ) e Virgílio ( Eneida ). O modelo não variava muito: esperava-se que o poema apresentasse uma disputa entre os deuses em relação ao comportamen