O homem duplicado, de José Saramago
Por Pedro Fernandes O homem duplicado conta com um acontecimento insólito como propulsor para o desenvolvimento da narrativa; essa parece ser o tônus para a formação de todo os romances pós-históricos de José Saramago. A nomenclatura para designar o conjunto dos primeiros romances do escritor português bem sei que é inválida, uma vez que as obras assim chamadas - Levantado do chão , Memorial do convento , O ano da morte de Ricardo Reis , História do cerco de Lisboa - não se esgotam neste rótulo de romance histórico. São, sim, romances que se utilizam da história como elemento problematizador ou como matéria sobre a qual se constrói a narrativa; além disso, destituindo a história do pedestal a que foi elevada - o de ser verdade absoluta sobre o acontecido - toda e qualquer narrativa é, de fato, uma história. O tal acontecimento insólito se dá com o professor de História Tertuliano Máximo Afonso. O personagem descobre a partir de um vídeo a existência de um sósia, de um gêmeo,