Desmundo, de Ana Miranda
Por Pedro Fernandes Não é este o primeiro romance de Ana Miranda, mas bem poderia sê-lo. Na catedral de livros já escritos por ela, desde o seu primeiro bem sucedido Boca do inferno , seguido de O retrato do rei , Sem pecado , A última quimera , Clarice , Amrik , Dias & Dias e Yuxin , seu mais recente, Ana Miranda se faz única em cada um deles. Se alguns escritores buscam/buscaram a unidade ou estão/estiveram em torno de um gesto escritural que os defina, para ela, não: cada romance se alimenta de uma linguagem própria e é um gesto de escrita único. De modo que, afirmar que este Desmundo poderia ser seu primeiro trabalho não é exagero. Notará isso quem tiver lido ao menos duas obras suas. Agora, diferentemente de outros autores que se dizem sem um projeto literário próprio – e estou aqui pensando no José Saramago como exemplo – Ana Miranda sabe claramente do seu itinerário. Num momento recente com a escritora, ela própria admitiu isto. Tem um fio que ela pretende p