Antônio Francisco
Por Pedro Fernandes Eu com o poeta Antônio Francisco (ao centro), durante o encerramento de um minicurso na Faculdade de Letras da UERN, em Mossoró, 2008. foto de meu arquivo pessoal. Deus é sol, sal e farinha O sol cochilava no meio do céu, Jogando seus raios na cara do chão. A gaita estridente de uma cigarra Tocava sem graça a triste canção Daqueles que vivem nos braços da secas Tirando da fé um pouco de pão. Enquanto os soluços do vento da seca Passavam tocando seu sax tenor, De uma cabana coberta de palha Subiam os gemidos de um armador Debaixo dos gritos de uma mulher, Tingidos de mágoas, medo e rancor. “José, oh, José, onde é que tu ta? Responda, infeliz, acabou-se o feijão! Se o menino acorda pedindo comida? Só resta farinha e sal no caixão. Maldita hora, José, que te vi. Que vida, meu Deus, que vida de cão!” E lá no aceiro do fim do quintal, Sentado na sombra de um marizeiro, Um homem responde: “Maria, Maria,