Gil Vicente, o pai do teatro português
Todo o Mundo: Folgo muito d’enganar e mentir nasceu comigo. Ninguém: Eu sempre verdade digo sem nunca me desviar. (Berzebu para Dinato) Berzebu: Ora escreve lá, compadre. Não sejas tu preguiçoso! Dinato: Quê? Berzebu: Que Todo o Mundo é mentiroso e Ninguém diz a verdade. (Gil Vicente, Auto da Lusitânia ) Não é redundante afirmar que o caráter da literatura, dentre vários outros, é o do desvelo para com as questões que regem a realidade empírica. Mas do que isso é o teatro de Gil Vicente. Ao passo que figura o desvelo, figura também certa “denúncia” da sociedade da qual fazia parte. Uma sociedade predominantemente voltada aos ricos e à marginalização dos pobres. Uma sociedade que até hoje permanece abarcada pela hipocrisia. Mesmo sendo incertas as datas de seu nascimento e morte, é sabido que Gil Vicente viveu durante o reinado de D. João II. Testemunhou a aventura portuguesa das grandes navegações e grandes descobertas ultramarinas. Muitos de seus autos e peças foram encenados n