As pequenas memórias, de José Saramago
Por Pedro Fernandes As pequenas memórias é um livro de emoções extremas; extremas, mas não gratuitas ou baratas como tem sido corrente hoje em dias de espetacularização. Seguindo um estilo que bem trabalhou nos cinco volumes dos Cadernos de Lanzarote - diários escritos desde que se mudou para um das ilhas do arquipélago das Canárias - mas, mais romanceado - coisa que nos cadernos apenas figura como notas - este livro de José Saramago é não apenas um feixe de recordações sobre a infância até o princípio da juventude. As pequenas memórias é um retrato sobre a formação de um escritor que, antes de tudo, é um interventor, um humanista. Um livro de memórias a que ele chama “as memórias pequenas de quando fui pequeno”. Portador de uma poesia singela, esse livro reúne como num feixe fragmentos de memória ou os principais acontecimentos que levaram a Saramago ser a pessoa perscrutadora, reflexiva, humanista e interventiva que o é; compreensão que encontra base no que escreveu