Um ano depois
Por Pedro Fernandes Não adiantemos falsas esperanças, Teria sido, sem dúvidas, uma boa e honesta manchete para o jornal do dia seguinte, mas o director, após consultar com seu redactor-chefe, considerou desaconselhável, também do ponto de vista empresarial, lançar este balde de água gelada sobre o entusiasmo popular, Ponha-lhe o mesmo de sempre, Ano Novo, Vida Nova, disse. José Saramago, As intermitências da morte Vai o ano correndo em dias e noites até que deságue para o fim que é o início de outro ano que novamente deverá correr em dias e noites e desaguará noutro ano e mais noutros, sucessivamente. É assim desde que criamos o tempo. Enquanto os anos vão correndo também corremos nós até desaguarmos para a morte, esta que é o fim de tudo. Não há para nós como o ano que tem outro ano para desaguar outra vida que possamos estar nela a desaguar e continuar a viver. É assim o curso natural da vida. E neste momento em que comemoramos a chegada de mais um ano