Palavras sobre Palavras de pedra e cal

Por Pedro Fernandes



Esta postagem inteira o leitor do Letras in.verso e re.verso sobre a publicação de Palavras de pedra e cal. Como explicado noutra ocasião por aqui, trata-se de uma breve antologia que reúne todos os meus poemas publicados em diversas vias online e muitos em circulação nesse blog, o primeiro motivo de vê-los juntos num mesmo arquivo.

O livreto amplia essa necessidade. E tomara que venha ganhar forma num material impresso, claro, ainda o instrumento de melhor realização de qualquer obra. É uma publicação gratuita, preparada com muito carinho e puro experimentalismo do autor, o responsável por todas as peças que integram a apresentação da antologia. Desde a capa, a concepção gráfica, a elaboração do blog, dos papéis de parede, dos vídeos.

Palavras de pedra cal assim apresentado deixa a critério do leitor o zelo em baixar, imprimir, ler, partilhar com outros leitores, mas com a cautela de citar sempre a fonte. É o mínimo de agrado. Também se o leitor tiver depois da leitura qualquer comentário positivo ou negativo sobre o trabalho não podem hesitar em contatar o seu autor. A escrita só assim se constitui enquanto tal. Por isso mesmo, que no blog criado para hospedar a ideia fiz questão de haver um espaço dedicado a essas impressões.

Foi uma semana o que separou a ideia da apresentação dessa antologia e sua publicação na web, por isso é possível que, no passar dos dias muita coisa que tenha ficado mal feita venha ser corrigida e aperfeiçoada. E integrada outras peças. Mas, qualquer coisa poderá ficar sabendo através do minha página no Orkut. Por falar nesta rede social, louvo que toda a divulgação e o sucesso da ideia só pode se concretizar graças aos espaços online; além do Orkut, a plataforma YouTube (onde estão hospedados os vídeos que criei) e nos portais Overmundo, Literal e Cronópios, lugares onde conservo minha presença por apostar no benefício dessa possibilidade de diálogo com os leitores de várias partes do mundo. 

Todos os anos, no mês de novembro, crio alguma coisa para passagem de aniversário do blog Letras in.verso e re.verso. Neste ano de 2009, não me veio nenhuma ideia a não ser redigir um texto em que falava dos desafios de escrever e manter o espaço online. Essa ausência de novidade dura até semanas depois quando me vem a ideia de reunir todos os poemas já publicados no espaço e dispô-los como uma peça de brinde aos leitores e transeuntes virtuais. A ideia então ganha forma e nome. Não seria apenas um feixe de poemas a ser disposto para download, seria um feixe de poemas a ser disposto para download mas com nome próprio e cara de livro. Livreto, portanto, passou a se chamar e ele não é mais do que isso, livreto. Mas depois disso, nada de nome próprio ainda. Dá nome às crias é algo complicado. Já durante o processo de montagem é quando me vem Palavras de pedra e cal; Palavras de pedra e cal ficou.

O título, poderão dizer, não tem nada a ver com a obra; e talvez seja verdade. Se o leitor nele buscar, por analogia às pedras, poemas destilados a João Cabral de Melo Neto, não irá encontrar mesmo nenhum sentido no nome em relação com a obra. Esse nome está para mais que isto. A leveza e a dureza da pedra cal estão aí contidas. São assim as palavras virtuais. Na leveza e na dureza podem elas se esfarelarem. Mas se se esfarelarem deixam atrás de si um rastro branco, uma vereda, questionável, de vida que existiu – é esse o rastro que está impresso na capa, essa marca quadrangular branca num tecido vermelho-sangue. Aliás, essa marca também é singular. Traduzo nela a ideia de pedra no formato, a ideia da cal na cor e além da ideia de rastro, a ideia de leveza, de abertura, de fresta, de possibilidades. A ideia de coesão dispersa.

Palavras de pedra e cal é para ser lido como uma rude escrita. Como nacos de pedra. Uma escrita ainda em tracejado. Como a tinta da cal – pálida, porém, viva. É para ser lido como uma amostra de minha produção poética, que até onde posso me ver, crítico de mim mesmo, é bastante variada; como as pedras – uns mais cortantes que outros, outros tão ruins que nem sei se posso chamá-los de poemas. De todo modo, atiro-os ao mundo. O fato é que todos como a pedra cal são fabricados. E por insignificantes que sejam ainda há de trazer aos pulmões do leitor alguma poeira que o sufoque.

Comentários

Felino disse…
Pedro!
Rapaz talentoso!
Sou teu brother e vo tar aki sempre te aplaudindo e prestigiando!
Pouca gent eé bom pq sobra mais coisas!
kk

Abraçao!!
Felino disse…
kra, julgando pela capa, seu livreto é singular! Super criativo, literário, poético, gostoso de ver. Super simpático!

Parabens, adorei!

AS MAIS LIDAS DA SEMANA

A poesia de Antonio Cicero

Boletim Letras 360º #610

Boletim Letras 360º #601

Seis poemas de Rabindranath Tagore

Mortes de intelectual

16 + 2 romances de formação que devemos ler