Meu encontro com Maria Teresa Horta
Por Pedro Fernandes
Eu e a escritora Maria Teresa Horta, Salvador, 2009. Arquivo pessoal. |
1. Embora conheça através da leitura esparsa na web vários outros títulos da poesia de Maria Teresa Horta, conheci seu nome primeiramente de ouvir uma fala da professora Conceição Flores na qual se propunha uma relação interbiográfica com a obra de outra Teresa, Teresa Orta (leia mais aqui).
2. Logo depois disso, encontrei a edição das Novas Cartas Portuguesas, obra com a qual os nomes de Maria Velho da Costa, Maria Isabel Barreno, e também o de Maria Teresa Horta, se fizeram marcantes na literatura portuguesa. Para quem não conhece o livro, fica a recomendação. Há edição brasileira relativamente fácil de encontrar nos sebos. Escrito em 1971, o livro saiu um ano adiante pela Estúdios Cor. Por aqui, três anos mais pelo Círculo do Livro.
3. As Novas cartas... reúne cartas, ensaios, textos de ficção, poemas e vários fragmentos dispersos. As escritoras estavam inspiradas nas famosas Les Lettres Portugaises (romance epistolar francês do século XVII publicado por Claude Barbin); as Cartas francesas são cinco epístolas supostamente escritas pela freira portuguesa Mariana Alcoforado e dão contas de sua paixão depois de se envolver com o cavaleiro francês Noel Bouton, no Convento da Conceição em Beja.
4. Recuperando o traço amoroso pelo sensual e erótico, as Cartas das três Marias (foi assim que o grupo ficou conhecido em Portugal) aproveitaram para denunciar a condição das mulheres sob a ditatura enfrentada pelo país desde 1933. Obviamente que foram censuradas pelo regime. Mas, numa altura quando as fronteiras dos países começavam a se dissolver, o caso não ficou abafado no seu país. Também eram os anos de intensa transformação provocada pelas novas ondas do feminismo na Europa. Da França, epicentro do movimento, por exemplo, as escritoras receberam o apoio de nomes como de Simone de Beauvoir e uma projeção que lançava os olhos mundo sobre a fingida vida portuguesa.
5. Depois, em setembro de 2009, Maria Teresa Horta veio a Natal. Era a ocasião do Seminário Internacional Mulher e Literatura, organizado por, entre outras mulheres, Conceição Flores. O evento homenageou a escritora e a poeta brasileira Diva Cunha. Foi quando ouvi, em êxtase, uma exposição de Teresa Horta; uma fala que só encontrei um adjetivo para defini-la e agora repito: magna. Entre a poesia e o registro da poesia pela palavra. Quando esteve no Rio Grande do Norte, ela apresentou um livro inédito, com poemas escritos no Brasil: Poemas do Brasil (Editora Brasiliense).
6. Quinze dias mais tarde, revejo Maria Teresa Horta em Salvador, agora, por ocasião do Congresso Internacional da Associação Brasileira de Professores de Literatura Portuguesa; e depois de ouvir uma fala sobre as mulheres e a literatura, a encontro pelos corredores da Universidade Federal da Bahia. Foi quando tomei a coragem de trocar algumas palavras com a escritora e o resultado final é a fotografia que ilustra esta post feita com minha câmera digital pela amiga Cida Costa; claro, os bastidores ficam para minha memória.
7. Além dos títulos que citei, uma busca na web leva o leitor a saber que Maria Teresa Horta é autora de uma extensa obra que transita entre as diversas formas literárias, destacando-se pela poesia: Espelho Inicial, Tatuagem, Cidadelas Submersas, Verão Coincidente, Amor Habitado, Candelabro, Jardim de Inverno, Cronista Não é Recado, Minha Senhora de Mim são alguns desses livros.
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