Receita de um poeta
Não nos preocupemos com as palavras
Elas caem não sei de onde
Vêm de cheio uma após outra
Vêm de cheio uma após outra
A galope ou fugindo do negro de nós
E escapam, derrapam, ficam e fincam em versos, por vezes destoados, mas versos.
Não faria sentido
Não faria sentido
Ficar sentado, parado, perdido no vácuo do papel
A suspirar por donzelas, por outros eus, pelo mundo
A esse modo as palavras correm, têm medo de como serão usadas
Elas preferem ser abusadas e caírem mortas-vivas, rotas, num verso sem fim.
Não há necessidade de arrumá-las como que numa prateleira
Não há necessidade de arrumá-las como que numa prateleira
Elas vêm faceiras, gostam mesmo é da desordem
Porque é na liberdade, no caos, que se ergue o sentido
Que se mostram coerências, coesões
É no desconexo que se ergue o poema.
* Acesse o e-book Palavras de pedra e cal e leia outros poemas de Pedro Fernandes.
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