Ariano Suassuna, os encontros que (não) tive

Por Pedro Fernandes



1. Ainda por esses dias me surpreendi com uma amiga minha no mestrado que afirmou não saber quem era Ariano Suassuna. Mas, nem quando dos comerciais da TV Globo acerca de O auto da compadecida, o filme, você ouviu falar, Da obra de Ariano Suassuna? Indaguei surpreso. Não. Respondeu ela. Fiz a pergunta porque todo mundo dada a popularidade da emissora e, claro, a quantidade sem fim de vezes que o filme foi reprisado; também eu, quando adolescente, que não tinha o acesso necessário aos livros e à literatura, tive contato pela primeira vez com o nome do escritor pernambucano através desse filme.

2. Em compensação pode haver autores e obras da literatura inglesa e estadunidense, que é área de habilitação de sua formação em Letras que eu nunca tenha ouvido falar. Muito óbvio, mas uma brasileira, estudante de Letras nunca saber sequer do nome Ariano Suassuna, é, sim, muito estranho.

3. Comecei a conhecer a obra de Ariano através da adaptação da peça para o cinema; depois, já durante o curso de Letras (e olha que a obra do escritor brasileiro passa longe, quer dizer passava longe, dos cursos de Literatura Brasileira que compõem a grade curricular) fui ler a obra. Como também li, na mesma época, o extenso romance A pedra do reino; e agora, ao contrário do aconteceu com O auto da compadecida, acompanhei sua tradução para TV.

4. Bom, desconhecimentos à parte, o que para mim continuará sendo sempre uma grande surpresa: Ariano Suassuna esteve por ocasião da Feira do Livro de Mossoró, neste ano, encerrada semana passada, dia 06 de agosto. Ano passado, quando ainda morava na cidade (foi aí que concluí meu curso em Letras), participei assiduamente do evento; os nomes que vieram não eram lá essas coisas. Mas, esse ano quando soube da programação e da vinda de Ariano, preparei-me para o momento. Agora, infelizmente, nem tudo depende de nossas vontades. Não pude estar em Mossoró.

5. Parece que há mesmo um sina dos desencontros quando o nome é Ariano Suassuna. Soube que veio a Natal, para uma daquelas suas famosas aula-espetáculo, mas, novamente imprevistos me cercaram e não pude dá corda àquela frase que há meses expus no meu Orkut, "Por mais que a gente queira controlar o ritmo da vida, é vão, é o ritmo da vida que nos controla". Esperemos mais. Certamente deverão ocorrer outras oportunidades. O que espero é que não se repitam os imprevistos.

6. Para não desconsolar o leitor desavisado, volto aqui, adultero o título do texto com um parêntesis. Por coincidência numa data muito próxima a dessas notas, 24 de agosto, os imprevistos se desfizeram e pude estar com Ariano Suassuna. Ele voltou a Natal, dois anos depois de quando redigi os cinco tópicos acima e pude vê-lo, bem-humorado, crítico, lúcido e vivaz. Antes de um escritor, alguém que nunca parece haver esquecido os tratos od ofício da profissão de professor. As tais aulas magnas, soube, foi uma invenção sua depois que se aposentou do cargo que ocupou na Universidade Federal de Pernambuco, e não quis se distanciar do sabor de ter um público de alunos. Vingou. As minhas impressões sobre esse encontro estão nas notas publicadas aqui.



Comentários

AS MAIS LIDAS DA SEMANA

A poesia de Antonio Cicero

Boletim Letras 360º #607

Boletim Letras 360º #597

Han Kang, o romance como arte da deambulação

Rio sangue, de Ronaldo Correia de Brito

Boletim Letras 360º #596