Os novos livros de Saramago: especulações de um ávido leitor
Por Pedro Fernandes
Caim e Abel, Titian. Novo romance de José Saramago voltará a tema bíblico. |
Depois de A viagem do elefante, lançado no final de 2008 e depois de O caderno, lançado este ano, eis que se anuncia a nós, saramaguianos, mais dois livros do escritor português. Um dos títulos é produto da ingênua especulação de um leitor que desde quando descobriu a literatura de José Saramago, em meados de 2006, nunca mais parou de lê-lo, e, claro, tem aguardado com grande expectativa tudo que envolve seu nome.
Pois bem, depois de haver reunido os textos publicados em blog no que chamou de O caderno que deve estar para chegar ao Brasil, ao menos a Companhia das Letras, casa que tem publicado sua obra por aqui, já anunciou a edição, suponho que venha outro volume com esses textos. Um O caderno II, portanto. Material sei que tem de sobra. Desde abril de 2009, Saramago tem escrito diariamente para o blog. Refiro-me a essa data porque o livro de agora reúne entradas de setembro de 2008 a março de 2009. O leitor que cruzar com essas notas verá, no futuro, se estarei certo ou errado sobre o que digo.
Agora, o segundo título não é fruto de especulação. Foi anunciado pelo próprio José Saramago no que talvez seja a última entrada para o seu blog, publicada no dia 28 de julho:
"Diz o refrão que não bem que sempre dure nem mal que ature, o que vem assentar como uma luva no trabalho de escrita que acaba aqui e em quem o fez. Algo de bom se encontrará neste textos (sic), e por eles, sem vaidade, me felicito, algo de mal terei feito noutros e por esse defeito me desculpo, mas só por não tê-los feito melhor, que diferentes, com perdão, não poderiam eles ser. Às despedidas sempre conveio que fossem breves. Não é isto uma ária de ópera para lhe meter agora um interminável adio, adio. Adeus, portanto. Até outro dia? Sinceramente, não creio. Comecei outro livro e quero dedicar-lhe todo o meu tempo. Já se verá porquê, se tudo correr bem. Entretanto, terão aí o "Caim". P. S. - Pensando melhor, não há que ser tão radical. Se alguma vez sentir necessidade de comentar ou opinar sobre algo, virei bater à porta do Caderno, que é o lugar onde mais a gosto poderei expressar-me."
Agora, nova especulação de leitor. O novo romance (cf. se lê nos negritos que fiz questão de marca na nota transcrita) versa sobre uma personagem bíblica. Logo, o livro se aproximará do que foi O evangelho segundo Jesus Cristo. Claro, não com o fôlego do livro de 1991; receio que, depois da longa doença, Saramago (e nós que o amamos) carregue a certeza de que os dias de vida para adiante estão cada vez mais raros. Não é à toa que li com certo nó na garganta esse breve adeus ("Adeus, portanto. Até outro dia? Sinceramente, não creio.")
De tessitura menor que um Evangelho, sabe-se que da pena de um escritor como Saramago não há-de sair qualquer coisa. Só me resta ficar na expectativa de que tudo corra bem e nós, leitores, possamos ser agraciado com mais algumas palavras o mestre.
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