2001 - Uma Odisséia no Espaço, de Stanley Kubrick
Ficção científica revolucionária discute a aventura do homem para compreender o mistério da criação
A Odisséia no Espaço narrado em 1968 pelo genial Stanley Kubrick pode parecer tediosa quando vista por olhos acostumados ao ritmo incessante das aventuras intergaláticas de Guerra nas Estrelas (1977). Mas, desde seu ponto de partida, trata-se de uma obra surpreendente: o diretor filma um grupo de hominídeos da pré-história disputando domínios à base de paus e pedras. Por perto, um enigmático monólito, que reaparecerá em outra etapa do filme como seu símbolo mais marcante. Até que um pedaço de ferramenta arremessado para o alto funde-se com a imagem de uma espaçonave cruzando o cosmos. Assim, neste famoso plano que esboça um salto no tempo de milênios, está dado o tom filosófico que só cresce ao longo da narrativa.
Sabe-se que os astronautas terão de enfrentar um computador que assumiu o controle da nave, HAL 9000. Construído para gerenciar a missão a Júpiter, o mecanismo tecnológico fala e raciocina como humano, e, vaidoso, não se desviará da sua tarefa: garantir que a viagem seja cumprida, mesmo que tenha, para isso, que se livrar de seus companheiros. O que reflete mais uma inquietação do diretor em relação ao avanço tecnológico. Este pedaço de trama, por sua vez, não esconde o verdadeiro centro de interesse de Kubrick nessa história saída da imaginação do autor de ficção científica Arthur C Clark (que assina o roteiro como o diretor): traçar um painel da humanidade, desde o nascimento até a morte e introduzir nessa trajetória a visão da transcendência.
Há inúmeras outras referências, como a religião fundada pelo profeta Zaratustra, na qual o sol e a lua crescente representam a luta entre a luz e as trevas. Ao som de "Danúbio Azul", de Johann Strauss, e de Assim falou Zaratustra, de Richard Strauss, entre outras composições eruditas, Kubrick filma o espaço sideral como se fosse o cenário de uma ópera cósmica.
Indicado a quatro Oscar (incluindo do de Diretor e Roteiro Original), ficou a penas com o de Melhores Efeitos Especiais. Em 1984, o filme falhou continuação, o pífio 2010 - O Ano em que Faremos Contato, dirigido por Peter Hyams.
* Revista Bravo!, 2007, p. 36
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