Os livros favoritos de Paul Auster

Por Pedro Fernandes




Não sou o único leitor a guardar certa curiosidade pelos livros que serviram à formação leitora dos grandes escritores ou daqueles de nossa predileção. E a pergunta de qual ou quais livros certo escritor recomenda, sempre recorrente nas entrevistas realizadas com essas criaturas, é uma desse interesse.
 
Nem sempre os escritores respondem e muitas vezes tergiversam querendo, em parte, proteger a face ou não recair em obviedades ou ainda não oferecer pistas demais acerca das suas influências. Outros, por sua vez, não encontram problema com as revelações, sobretudo se nas suas listas figuram exclusivamente aqueles que não poderão em nenhuma oportunidade estabelecer qualquer cobrança da ausência nas suas referências – o que é, de certa maneira, uma boa alternativa de despistar.
 
A curiosidade dos leitores, embora válida, talvez seja vã. As grandes obras da literatura estão bem localizadas no cânone, por mais que muitos tentem destituí-las. Assim, um grande escritor deverá ser educado, obrigatoriamente, por essas obras, afinal uma das suas tarefas com o ofício da palavra é contornar de alguma maneira os limites que favoreceram a presença de determinada obra e escritor entre os maiores da literatura. Um grande escritor não é aquele que escreve obviedades.
 
Um que parece ser desinibido quanto a isso é o escritor americano Paul Auster. Ele se destacou com três livros que formam A trilogia de Nova York no final dos anos 1980 e entre altos e baixos sempre aparece entre os importantes nomes da literatura na sua geração. Isto é, tem se afirmado como um grande do nosso tempo, ainda que o tempo necessário para confirmar isso não esteja ao nosso alcance.
 
Numa lista que circula com alguma frequência na infinita web, Auster recolhe uma dezena de títulos de novidade nenhuma. São obras que cobrem desde o estabelecimento do romance com forma literária e suas constantes transformações, essas que certamente participam do interesse desse escritor.
 
1 Dom Quixote, de Miguel de Cervantes
2 Guerra e paz, de Liev Tolstói
3 Moby Dick, de Herman Melville
4 Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust
5 Ulisses, de James Joyce
6 A letra escarlate, de Nathaniel Hawthorne
7 O castelo, de Franz Kafka
8 Molloy, Mallone morre e O inominável (trilogia), de Samuel Beckett
10 A vida e as opiniões do cavalheiro Tristram Shandy, de Laurence Sterne
 
Copio a lista como uma maneira de sanar a eventual curiosidade dos preferidos de Paul Auster, mesmo entendendo que essas listas sempre podem variar, afinal “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, como há muito dizia o poeta. A lista data de Paul Auster é de 2007. 

E, como qualquer outra lista, esta pode ser ainda um incentivo para o leitor. Eu próprio me animo em conhecer alguns dos títulos aqui elencados e que ainda não li.

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