Gonçalo M. Tavares. Foto: Pedro Nunes LANÇAMENTOS Os leitores brasileiros iniciam 2025 com um novo livro do escritor português Gonçalo M. Tavares . O diabo está a rondar a casa. E pelas mãos de Gonçalo M. Tavares, ele vem se juntar ao universo literário das Mitologias ao lado de personagens como os Doze-Apóstolos-de-Bicicleta, os Nómadas, os Meninos, o Homem-Que-Quando-Fala-Não-se-Entende-Nada e o Povo-Armazenado. Neste espaço imaginário de possibilidades infinitas, a verdade científica e sua lógica pouco importam, com narrativas e tipos que só obedecem regras próprias se cruzando e nos conduzindo por uma dimensão de originalidade poucas vezes vista. O diabo é publicado pela editora Dublinense. Você pode comprar o livro aqui . O novo romance de Sidney Rocha . No tecido intricado da literatura, encontramos romances que não apenas nos envolvem em narrativas cativantes, mas também nos desafiam a refletir sobre os grandes dilemas que permeiam a condição hu...
Por Pedro Fernandes Liberdade, sim, mas ela tem que ser carimbada. Liberdade de ir e vir em todo mundo, sim, mas apenas com a autorização do guarda noturno. — Em O navio da morte , de B. Traven A história das fronteiras é a história da longa disputa que estabelecemos desde quando potencializamos a noção de propriedade. No início do século passado o aparelho burocrático que sustenta o que hoje conhecemos como Estado estava em pleno funcionamento com o uso de mecanismos de controle capazes de determinar desde a ideia de cidadão aos seus trânsitos dentro e fora das fronteiras do seu lugar nacional. Todo esse aparelhamento serviu de interesse à literatura e a obra de Franz Kafka é reconhecida como sua viga-mestra. Também outros escritores se mantiveram seduzidos pelo trabalho de explorar o absurdismo de situações propiciadas apenas pela usabilidade da burocracia que, sim, é necessária ao ordenamento, mas se tornou aparato de continuar servindo ao tipo social dominante; ...
DO EDITOR Olá, leitores! Ainda estamos à procura de apoiadores para o Letras que queiram concorrer a um exemplar de Morte em pleno verão , de Yukio Mishima. Aproveite o lembrete e se inscreva para o sorteio. Saiba todos os detalhes de como participar, por aqui . Um excelente final de semana para vocês! Elfriede Jelinek. Foto: Sophie Bassouls LANÇAMENTOS Primeira seleção de peças da autora austríaca, cuja obra, apesar do prêmio Nobel de Literatura de 2004, continua pouquíssimo conhecida . Elfriede Jelinek: do texto impotente ao teatro impossível traz para o leitor brasileiro um recorte representativo do seu estilo. As seis peças até agora inéditas por aqui foram selecionadas, traduzidas e apresentadas por Artur Sartori Kon. São elas: “Doença ou mulheres modernas”, “Faust(a) (não tá): drama secundário ao Fausto Zero”, “País.nas.nuvens”, “As implicantes”, “Rechnitz (O Anjo Exterminador)” e “Sem Luz”. E estão divididas em três partes (Problema de gênero, Nós do discurso ...
Por Raúl Rojas Ilustração de Diego Rivera para Popol Vuh . Os maias foram a única cultura na América indígena que chegou a ter um sistema de escrita avançado. Tão desenvolvido, de fato, que lhes permitiu esculpir seus mitos e lendas em estelas de pedra, capturá-los em cerâmica ou murais, ou registrá-los em livros feitos de finas folhas de casca de árvore, os chamados códices. Poucos exemplares dessa incipiente literatura mesoamericana sobreviveram à destruição na fogueira, produto do fanatismo religioso dos clérigos espanhóis. No entanto, o Popol Vuh , a narrativa sagrada dos maias quiché, pode ser salva do esquecimento. Antes da conquista, as lendas maias eram transmitidas principalmente oralmente, algumas das quais com séculos de existência. Após a conquista, talvez em 1550, o Popol Vuh foi preservado usando o alfabeto latino. Aparentemente os autores da transcrição eram nobres maias da área cultural quiché, onde hoje fica Santa Cruz, na Guatemala. Popol Vuh sig...
Por Pedro Fernandes Volta e meia aparece no Letras alguma lista de livros ou algum texto cujo tema é, talvez o mais antigo motivo da literatura, a viagem. No final destas novas recomendações, mais recomendações nessa interface, o leitor encontrará os caminhos que atestam a constatação levantada. A recorrência dessa presença se deve à vasta biblioteca possível de organizar, inclusive, com seções variadas, transitando entre o ponto do relato historiográfico, memorialístico ao relato ficcional, não excluindo as estantes dedicadas à poesia com sua escala de variações, da geografia dos afetos à invocação quase turística, de lugares visitados física ou imaginariamente. Bom, alguém já disse que um escritor munido de um objeto de anotação é sempre capaz de transformar qualquer experiência em matéria de escrita; ao viajar, por exemplo, pode sempre se estabelecer um próximo livro centrado no interesse pela viagem. E foi isso o que fizeram os autores dos livros listados aq...
Por Pedro Fernandes Gonzalo Unamuno. Foto: Maxi Falla Muitas vezes a literatura lembra que o espírito de uma época não morre com o fim de uma era, aspectos variados se distendem e ocupam algum lugar nos tempos vigentes. E as transformações desse espírito também não estão circunscritas nas frágeis fronteiras de um povo mas são inerentes do humano, ainda que entre nós se manifestem de maneira consciente, propositada ou com a imprecisa rapidez. Quanto da natureza primitiva dos primeiros homens se manteve na força incendiária dos gregos que passou às civilizações seguintes até nos alcançar e se imiscuir entre as nossas vidas cotidianas? Não é possível determinar, mas um ávido leitor conseguirá vislumbrar certas permanências no que para alguns é apenas um traço inerente a tempos pregressos. Para acabar com tudo , de Gonzalo Unamuno, reaviva o tédio dos nossos dias, este que é sustentado em parte pela interminável espera da novidade, enquanto perscruta uma saída incendiária à ma...
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