Das máquinas ou as qualidades do papel em nossa vida, Gustavo Luz
Por Pedro Fernandes
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Leia dois poemas de Das máquinas.
O poeta Gustavo Luz reapresentou, sem os reais ritos dos lançamentos, Das máquinas ou as qualidades do papel em nossa vida. A primeira edição desse livro foi publicada em 1991. Ao reeditá-lo, além de fazer uma vistoria sobre aquilo que foi escrito na época, o poeta convidou-me para uma leitura do datiloscrito a fim de redigir o texto para a quarta capa. O livro vem suprir ainda sua ausência no mercado editorial. Apresentam a obra Massilon Pinheiro Costa e Aécio Cândido.
Os poemas de Das máquinas estão intercalados por um conjunto de xilogravuras de Erivaldo e agrupados em cinco blocos distintos, mas já pelos títulos (notará o leitor atento), complementares: "Das máquinas", "A grafia", "O papel", "A gráfica" e "Desenvoltura complementar".
Seu conteúdo é o dia-a-dia do poeta, herdeiro e também prendado no ofício da arte de impressão, assim encontramos poemas versados ora na matéria de labor da gráfica ora na matéria de um labor psicológico ora ainda tomados pelo cotidiano recheado de um prosaísmo ou corriqueirice, tudo, matéria (ou tornada matéria) de poesia.
Gustavo Luz constrói uma série de imagens que transformam o poema em máquina de produzir significado a partir daquilo que é lugar-comum. Ao fundir no corpo da poema, o homem, a máquina e o próprio poema, o que este livro preenche é o espaço de apresentar o cotidiano extrapolado ao espaço da tipografia, o cotidiano derrisório e prosaico, assaltado pelo enxerto de imagens que plasmam e pulsam visual e imageticamente como poesia.
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