De Virginia Woolf para Katherine Mansfield
Virginia Woolf em Garsington, 1923. |
Nesta longa carta
para Katherine Mansfield, Virginia Woolf fala sobre como é importante a dedicação
da escritora neozelandesa à arte de escrita e a necessidade de as mulheres
aprenderem a escrever: “Qual é o seu último desejo, o que faria você aspirar apaixonadamente
para escrever livros, histórias e poemas?” As duas escritoras intimamente comprometidas
com a literatura, mantiveram uma breve e vigiada amizade; isso porque sabe-se do jogo de sin ceridade que se abriu entre as duas desde quando se conheceram.
Tudo começou
quando a autora de Mrs. Dalloway iniciou
as publicações pela Hogarth Press, primeiro uma editora de fundo de quintal montada com seu companheiro Leonard Woolf. O livro impresso de Mansfield pela nova casa editorial foi Prelude; o casal Woolf levou aproximadamente nove meses entre a impressão e a encadernação
à mão de trezentas cópias. Na carta, escrita depois de terminada a edição,
Woolf tece opiniões de outras figuras do meio literário que teriam ficado
entusiasmadas com a aparição do livro: “Morgan Forster disse que Prelude está entre as melhores narrativas de seu tempo”.
Na ocasião,
a inglesa estava escrevendo O quarto de
Jacob e precisou parar a escrita para se dedicar ao trabalho de publicação
do livro de Mansfield. Cita da interesse por outros trabalhos, como a escrita de
um ensaio sobre Dorothy Wordsworth a fim de lucrar o necessário para comprar os papéis para impressão.
Katherine Mansfield. |
Também compara
seu estilo com o de Mansfield: “o
que eu tanto admiro em você é a sua qualidade de ser transparente”; e emenda, sobre O quarto de Jacob: “Estou
sempre cortando e mudando de um plano para outro. Acho que o que eu estou querendo
é mudar a consciência [...] Eu me sinto como se não quisesse apenas quaisquer realismos
mas somente pensamentos e sentimentos, sem copos e mesas”. É sabido o quanto Woolf odiava o estilo ainda reinante do qual Os car Wilde foi um de seus últimos precursores.
Virginia Woolf também fala sobre a gênese de seu conto “Uma sociedade”,
que foi publicado juntamente com outras peças do gênero na época: “Como uma
idiota eu perdi a paciência com Arnold Bennett e perdi meu tempo escrevendo uma
narrativa violenta e tola, eu supus uma sátira desnecessária”.
Na carta,
Woolf também tece fofocas sobre seus amigos T. S. Eliot e Lytton Strachey: “Eu gosto de Eliot, tenho pena dele, como ele sofreu muito para ter
adquirido uma vida que ele não pode levar. Enquanto isso todos os tipos
de coisas crescem por debaixo, dolorosamente. Mas isso é trabalho da
suposição. Nós só fazemos sinais uns aos outros. Lytton é tão leve
como uma pera [...] ele está programado para uma vida de lucros”. É que,
na época, Strachey publicado um trabalho pelo qual havia dedicado toda sua vida: a uma biografia da rainha
Vitória.
A carta é datada de 13 de fevereiro de 1921.
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