Jorge de Lima
o mar se esvai, aquele monte desaba e cai silentemente. Bronzes diluídos já não são vozes, seres na estrada nem são fantasmas, aves nos ramos inexistentes; tranças noturnas mais que impalpáveis, gatos nem gatos, nem os pés no ar, nem os silêncios. O sono está. E um homem dorme. (Jorge de Lima In Invenção de Orfeu , canto III, fragmento) A recepção da obra de Jorge de Lima é tão múltipla quanto a sua produção. Enquanto para os admiradores confessos se trata de um dos melhores poetas da literatura brasileira, para os não-iniciados o autor de Invenção de Orfeu ainda é um mistério a decifrar. Quando o assunto é revirar a cumbuca onde fervem os textos de Jorge de Lima, descobre uma colossal possibilidade de leituras, já que na literatura do autor convivem o antigo e o moderno, o regional e o universal, a tradição e o novo, o banal e o sublime. A obra é também o reflexo de um artista em constante mutação, que experimentou estilos diversos, como o parnasianismo, o regional, o barroco, o