A Aventura, de Michelangelo Antonioni
Crise do homem moderno é tema de obra feita de vazios e abre a trilogia da incomunicabilidade Ao ser lançado no Festival de Cannes, em 1960, A Aventura não foi recebido com unanimidade. A crítica se apaixonou pelo filme e se encontrou com o estilo do até então pouco conhecido Michelangelo Antonioni. O público, ou grande parte dele, por outro lado, detestou assistir aquela história, sem ação e cujo mistério principal (o desaparecimento de uma mulher) não é resolvido - pior, é abandonado ao longo da exibição. Mas a história comprovou que o diretor italiano acertara na abordagem da crise do indivíduo moderno, que prosseguiria na chamada Trilogia da incomunicabilidade, completada nos anos seguintes com A Noite (1961) e O Eclipse (1962). Os temas que marcam esses trabalhos são: o vazio da burguesia e das classes abastadas (e a tomada de consciência de seus indivíduos sobre esse vazio); a alienação provocada pelos avanços industriais e o desenvolvimento urbano, que afastam o