Jorge Fernandes e seu livro de poemas
Por Pedro Fernandes O ano é 1920. A capital do Estado se resumia a uma cidade provinciana; quase parada. A noite natalense resumia-se às festas da Igreja e, como atesta-nos o poeta Veríssimo de Melo, aos raros dias de agitação da política nacional. No cenário literário apenas os cafés eram os centros da boemia, das atividades culturais e dos saraus recheados de sonetos. Isso também nos é constatado nos vários textos que Câmara Cascudo escrevia nos jornais da época. Num deles, “Cabelos curtos ou compridos”, em 1924, no jornal A Imprensa , Cascudo apresentava o resultado duma pesquisa no mínimo engraçada, mas que refletia bem o espírito do povo norte-rio-grandense por essa época: fez ele uma entrevista com quinze pessoas – poetas, jornalistas, comerciantes, teatrólogo, médico –, perguntando acerca do cabelo feminino, se o preferiam curto à moda inglesa ou se longos e encaracolados. O resultado foi que seis votaram pelo primeiro, seis pelo segundo e três pelos dois, o que nos