Agnon, o homem de três sombras
Por Amós Oz Por vezes, depois de termos nos despedido de tio Yossef e tia Tzipora, se ainda não era muito tarde, visitávamos, por vinte minutos ou meia hora, o vizinho da frente. Entrávamos furtivos na casa de Agnon, sem nada dizer a tio Yossef e tia Tzipora, para não deixá-los tristes. Às vezes, à saída da sinagoga, o sr. Agnon nos encontrava a caminho do ponto de ônibus da linha 7. Agnon então puxava meu pai pelo braço e ameaçava ― se recusar a ir à casa de Agnon e iluminá-la com a beleza da radiosa esposa, entristecida ficará a casa pela ausência da radiosa esposa. E assim Agnon conseguia um leve sorriso dos lábios de minha mãe, e meu pai concordava, dizendo: “Mas só por alguns minutos, desculpe-nos, senhor Agnon, não ficaremos por muito tempo. Temos de chegar ainda hoje a Kerem Avraham, o menino está cansado e deve acordar amanhã cedo para a escola”. “O menino não está nem um pouco cansado”, eu dizia. E o sr. Agnon: “Ouça bem, meu caro doutor: dos lábios