8 ½, de Federico Fellini
Crise criativa conduz artista a romper amarras e a se lançar numa viagem estética sem bússola Em 1963, Federico Fellini levou, com 8 ½ , seu cinema a novos patamares. Se seus filmes “realistas” dos aos de 1950 já possuíam forte carga onírica e pessoal (a protagonista de Noites de Cabíria , de 1957, era uma referência às mulheres de rua que o diretor conhecera), a partir de A Doce Vida (1960) a subjetividade do diretor só se acentuou. Em 8 ½ , seu filme assumidamente mais autobiográfico e delirante, funde fantasias pessoais no universo do protagonista, Guido Anselmi (Marcello Mastroianni). Guido é um cineasta quarentão que vive um vazio criativo (tal como Fellini, vítima da mesma situação) e parte para uma instancia hidromineral a fim de encontrar o sentido de sua vida. Vários flashbacks traçam momentos importantes de sua vida, como a repressão católica (outro dado tirado da biografia felliniana) e suas aventuras com mulheres. Estas, por sua vez, empurram