Ana Cristina Cesar ou Ana C.
Acreditei que se amasse de novo
esqueceria outros
pelo menos três ou quatro rostos que amei
Num delírio de arquivística
organizei a memória em alfabetos
como quem conta carneiros e amansa
no entanto flanco aberto não esqueço
e amo em ti os outros rostos
(em Contagem regressiva - Inéditos e Dispersos)
esqueceria outros
pelo menos três ou quatro rostos que amei
Num delírio de arquivística
organizei a memória em alfabetos
como quem conta carneiros e amansa
no entanto flanco aberto não esqueço
e amo em ti os outros rostos
(em Contagem regressiva - Inéditos e Dispersos)
Ana Cristina Cesar. Fotografia: Cecilia Leal. 1976 |
Ana Cristina Cruz Cesar, nasceu no Rio de Janeiro em 2 de junho de 1952. Desde cedo demonstrou talento e gosto pela arte de escrever. Já em 1959, tinha os primeiros poemas publicados no Suplemento Literário da Tribuna da Imprensa. Foi Licenciada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; depois, fez mestrado em Comunicação, pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro; e Master of Arts in Theory and Practice of Literary Translation, pela Essex University, na Inglaterra.
Ana gostava profundamente de escrever. Além de inumeráveis poemas e cartas, escreveu para diversos jornais e revistas e traduziu diversos autores estrangeiros. Entre esses autores inclui-se a poeta estadunidense Syvia Plath, que da mesma forma que Ana Cesar faria mais tarde, colocou um fim à sua própria vida.
Ana C., como gostava de ser chamada, morreu em 29 de outubro de 1983 e, com certeza, pela sua juventude e beleza, pelo conteúdo e forma de sua obra, pela interrupção brusca de sua vida e do seu talento, tornou-se um símbolo e um ícone.
Quando a vida segue o seu curso normal, as pessoas têm tempo de se preparar para a passagem daqueles que, de alguma forma, têm parte ou influência em suas vidas. Isso não acontece, em casos como o de Ana Cesar, onde a ruptura abrupta sempre deixa o único recurso de uma saudade brutal ou de uma veneração desmedida. De qualquer forma é importante a noção, e o consolo, de que as pessoas se perpetuam, nos corações e nas almas, pelo que deixam, na forma de obras materiais, como é o caso de Ana C., ou através das lembranças de atitudes, palavras ou gestos, que podem fazer melhor a vida dos que ficaram.
Ana Cristina Cesar fez parte da antologia 26 poetas hoje, organizada por Heloisa Buarque de Hollanda e publicada em 1976. Em edições independentes, publicou Luvas e pelica, Cenas de abril, A teus pés e Correspondência completa.
Tendo em vista as circunstâncias de sua morte e o fato de Ana César ter deixado uma série de documentos, tais como cartas, poesia, diários, traduções, desenhos e testemunhos, seus livros foram reagrupados e republicados, bem como foram também publicados outros documentos inéditos. Então, postumamente foram publicadas Inéditos e dispersos: prosa/poesia (1985), Antigos e soltos: poemas e prosas da pasta rosa (2008).
A seguir deixamos aos leitores um catálogo com todos os poemas incluídos na antologia organizada por Heloisa Buarque de Hollanda mais um álbum de fotos da poeta.
Ligações a esta post:
No Tumblr do Letras veja fotografias da poeta Ana Cristina Cesar e recortes das suas primeiras experiências com a literatura.
Reveja uma postagem em que copiamos uma apreciação crítica de Ana Cristina Cesar sobre a poesia mais poemas traduzidos por ela de Emily Dickinson.
* Texto composto de notas do Site Ana C.
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