Um poema recortado do jornal Trabuco
Por Pedro Fernandes
O jornal Trabuco fez parte do meu início nessa aventura da editoração. O periódico impresso tratou de reunir as atividades do universo literário do curso de Letras na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Dentre as colunas que formam as publicações uma que se chamava Sarau era dedicada à produção poética. Em sua primeira edição lançada no início do mês de julho de 2008, incluímos dois exercícios literários meus: os poemas "Salvação" (publicado aqui em 2007) e este outro, uma amostra dos textos incluídos no livro Sertanices.
O jornal Trabuco fez parte do meu início nessa aventura da editoração. O periódico impresso tratou de reunir as atividades do universo literário do curso de Letras na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Dentre as colunas que formam as publicações uma que se chamava Sarau era dedicada à produção poética. Em sua primeira edição lançada no início do mês de julho de 2008, incluímos dois exercícios literários meus: os poemas "Salvação" (publicado aqui em 2007) e este outro, uma amostra dos textos incluídos no livro Sertanices.
Alberto Burri |
Previsões
Minha avó costumava em certos meses do ano
Pôr sobre a casa numa tabua morros de sal,
Doze ao todo, os doze meses do ano:
Janeiro. Fevereiro. Março. Abril. Maio. São João.
Santana. Agosto. Setembro. Outubro. Novembro. Dezembro.
No dia seguinte contava a quantidade do derreter
E dessa quantidade via os meses chuvosos,
Os menos e os mais,
Também os meses secos –
Estes, de Santana em diante serão secos.
Nos meses de São João e Santana
Se um bando de garças cortasse o azul pardo
Nas tardes afogueadas
É que a seca estabanada encontrava o sertão.
E era mesmo: as garças se iam deixando para trás
Uma caatinga de verde esmorecido,
Capim amarelo.
Breve a caatinga fazia-se cinza,
Como que morta, adormecida,
Vestida mesmo de morte, despida de vida
Para suportar as agruras o calor.
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