Fotograma feito de sertanices
Já acena este agosto – o principia
De suas tragédias ou de suas alegrias
Muito do seu de narrativa
Em curtos capítulos
Componho-o em versos
Que juntos o chamo de poema
Com um feixe de poemas que
Intimamente conversam comigo
Toda vez que os leio ou releio
Tento pintar em quadros espelhados
O que há anos inspirado em matéria de memória
Chamo de sertanices.
Muitos dos episódios que se desdobram
Se revelam, enovelam, empoetizam-se
Na pureza e no lirismo da paisagem sertaneja
Afinal são sertanices.
Porque o sertão em seu enlevo encantatório
Define-se em poesia por si mesmo –
Com o seu destino, seus homens,
Suas raízes, suas lembranças.
O sertão que me vêm à memória
Perambula do mais amplo horizonte imaginável
Perpassa por figuras algures
E emerge pela rachadura das palavras
Desfraldadas em closes enigmáticos
Que juntas chamo de sertanices.
Um arquétipo colossal
Do escape por um triz
Da queda destas memórias em palavras
A surgir do nada misteriosamente
Entre o escuro e o esplendor
A coragem, o incomum são sertanices.
* Poema inédito do livro Sertanices. Acesse o e-book Palavras de pedra e cal e leia outros poemas de Pedro Fernandes.
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