Luiz Rufatto



Luiz Ruffato é mineiro; nasceu em Cataguases, em 1961. Graduou-se em Comunicação pela Universidade de Juiz de Fora, e durante esse período começou a colaborar com diversos jornais. Mudou-se para São Paulo na década de 1990 e foi trabalhar no Jornal da Tarde, carreira que abandonaria em 2003 para se dedicar integralmente à atividade de escritor.

Seu primeiro título, entretanto, não vem dessa época do jornal, nem de quando decide abandonar as atividades na imprensa. Histórias de remorsos e rancores é de 1998 e trata-se de uma coletânea de contos. São sete textos que giram em torno de um mesmo grupo de personagens habitantes do beco Zé Pinto, situado na cidade onde nasceu. Já aqui, Ruffato apresenta qual seria seu interesse como escritor: apresentar uma realidade das margens. As figuras desse livro de contos são subempregados, ex-prostitutas.

Em 2000, publicou mais um livro de contos que recebeu menção do Prêmio Casa de Las Américas no ano seguinte. Em Os sobreviventes, Ruffato escreve mais seis contos: "A solução", "O segredo" e "Carta a uma jovem senhora", para citar três deles, que sublinham o mesmo traço temático iniciado em 1998. De modo que, já daqui percebe-se uma insistência do escritor como se buscasse, primeiro, um tema sobre o qual se sinta à vontade para narrar, depois, um estilo que possa ampliar-se e enredar para uma forma mais acabada: o romance, por exemplo.

Fruto dessa perseverança está na insistência de Ruffato em enviar seus trabalhos às editoras. Segundo conta, o primeiro livro foi rejeitado no mínimo por vinte casas diferentes, perfazendo um percurso sempre recorrente na vida de todo interessado no ofício da/ com a palavra. Tentado a desistir quando pensava ir viver um tempo fora do país, o livro fez certo sucesso e angariou interesses de algumas casas para que viesse a lume outros trabalhos do escritor; é nesse contexto que se publica o livro de 2000.

O primeiro romance Eles eram muito cavalos trouxe algo de novo à literatura brasileira contemporânea. Trata-se de um obra que a crítica leu como fortemente marcada de uma preocupação social ao mesmo tempo que preocupada com uma renovação estética da forma narrativa, designadamente a não-linearidade do narrado e sua fragmentação para tratar dos acontecimentos de um único dia, o 9 de maio de 2000 na cidade de São Paulo. 

O título do que se tornaria seu principal livro foi inspirado num poema de Cecília Meireles e produto de uma idéia que o escritor teve de escrever um tributo sobre a cidade onde agora vivia. Deu certo. Foi premiado com o Machado de Assis no ano seguinte e com o Prêmio da Associação Paulista de Críticos da Arte (APCA).

Em 2002 publicou um conjunto de poemas (As máscaras singulares) e um livro de ensaios (Os ases de Cataguases: contribuições para a história dos primórdios do Modernismo). Seguiu-se de mais dois romances que integrariam cinco volumes do ciclo intitulado Inferno Provisório: Mamma, son tanto felice e mundo inimigo, igualmente vencedores do APCA como Melhor Ficção de 2005.

Esse projeto chegaria ao fim em 2011 com a publicação de Domingos sem Deus intercalado por Vista parcial da noite (2006) e O livro das impossibilidades (2008). 

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