Sobre Octavio Paz
Ensaísta,
poeta, tradutor, escritor e diplomata – eis algumas das feições assumidas pelo
mexicano Octavio Paz, também ganhador do Prêmio Nobel de Literatura, em 1990. Este
feito o converteu no primeiro nome do seu país a receber o galardão. Esses elementos
tornam-no o intelectual mais importante do século XX na América Latina. Ele nasceu
em 31 de março de 1914 e viveu no México, onde escreveu uma potente obra que circula
pelo mundo inteiro.
A longa carreira
literária de Paz começa ainda aos dezessete anos quando publica seus primeiros
poemas na revista Barandal; depois
torna-se diretor dos periódicos Taller e
Hijo pródigo. Seu primeiro livro, data
do mesmo período da aparição dos primeiros textos na imprensa; foi a antologia Mar de día, publicada em 1931.
Mas, apesar
da intensa viviência para a poesia – sempre disse “sou poeta, antes de um
intelectual ou um pensador” – não foi com este gênero que ficou reconhecido. Segundo
os dados de sua biografia foi a partir do ensaio O labirinto da solidão que se tornou a figura cuja fama só se ampliou.
No século XX este livro vendeu mais de um milhão de cópias só entre os leitores
de língua espanhola.
Estou
Direito, Filosofia e Letras na Universidade Nacional Autônoma do México, onde
fez aulas com o escritor Carlos Pellicer. Foi este período formativo um dos
mais importantes na sua carreira, porque aí sedimentaram suas bases criativas e
do pensamento que logrou desenvolver ao longo de sua carreira de intelectual.
Casou-se em
junho de 1937 com a escritora Elena Garro e foi no mesmo ano ao Congresso de Escritores
Antifascistas na Espanha. Esta ocasião foi a porta da Europa que se abriu para
sua obra e a base de seu reconhecimento. Na ocasião mais de duas centenas de escritores
estiveram presentes em Valência e foi então que conheceu nomes como Rafael
Alberti, Nicolás Guillén, Pablo Neruda, Ernest Hemingway, entre outros.
Octavio Paz recebe o Prêmio Nobel de Literatura |
No início da
década seguinte ganhou bolsa de estudos no prestigiado programa Guggenheim e
isso lhe propiciou ampliar seus estudos na Universidade da Califórnia, em
Berkeley, nos Estados Unidos. Dois anos depois, isto é, em 1945, ingressou no
serviço diplomático do México e vai viver em Paris onde consolida sua amizade com
André Breton e Benjamín Péret, entre outros nomes do movimento surrealista.
A carreira diplomática
de Octavio Paz foi de longa duração. Pelo menos mais duas décadas. Esteve como
embaixador ainda na Índia, ocasião que gestará influências fundamentais para
obras como El mono gramático e Ladera este. Mesmo integrado a um
trabalho, digamos assim, político, pode lecionar em diversas universidades na
Europa e nos Estados Unidos – grande parte na década depois de deixar a Índia,
nos anos 1970. Neste tempo fundou as revistas Plural e Vuelta.
A vasta
produção literária de Octavio Paz se distingue entre a poesia e o ensaio com
mais de trinta livros publicados em cada um dos gêneros. Do primeiro, destaca-se
Pedra de sol. Este é, aliás, um dos
textos centrais da sua produção poética. Escrito durante alguns meses no ano de
1957, o texto revela um ambicioso projeto poético-estético de Paz,
excepcionalmente bem-sucedido, fruto de sua maturidade como homem e como poeta.
À imagem e semelhança de um calendário – a gigantesca “Piedra de Sol”,
estela-calendário da civilização asteca, um dos mais importantes monumentos que
guarda o Museu de Antropologia da Cidade do México –, cuja ideia mesma
pressupõe a repetição e cuja função é organizar num continuum mensurável pelo
homem o devir temporal, o poema volta-se sobre si próprio.
A dupla chama, Marcel Duchamp ou o castelo da pureza, Os filhos do barro, O arco e
a lira, Signos em rotação, ou o ensaio
biográfico sobre a poeta mística Sor Juana Inés de la Cruz são obras que demonstram
bem a vivacidade de seu pensamento poético. Aqui, de fato, Paz inaugura um
estilo impossível de ser seguido por outros ensaístas do seu tempo e depois
dele. Funde a objetividade da prosa à profundidade da linguagem da poesia numa
leitura sempre original dos temas que se propõe tratar. A vivência com o poema
terá lhe propiciado essa condição estilística. Vivência, aliás, que não ficou
restrita ao fabrico e à leitura de poesia.
Octavio Paz
foi tradutor em país de figuras fundamentais da poesia universal como Gérard de
Nerval, Guillaume Apollinaire, Pierre Reverdy, Stéphane Mallarmé, Henri Michaus,
Paul Éluard, Fernando Pessoa, Georges Schehadé, John Donne, Ezra Pound, E. E. Cummings,
William Carlos Williams, Czeslaw Milosz e Matsuo Bashö.
Tamanha dedicação
lhe propiciou angariar no seu currículo os mais importantes prêmios atribuídos a
escritores de seu continente linguístico, como o Prêmio Cervantes em 1981 e o
Príncipe de Astúrias em 1993, entre outros reconhecimentos. O crítico
estadunidense Harold Bloom, por exemplo, incluiu o nome do mexicano na lista dos
100 escritores mais importantes de sempre.
O escritor
morreu no dia 19 de abril de 1998.
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